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quarta-feira, 22 de abril de 2009

Marquises


No comércio em baixo das marquises
E de prédios de bonita arquitetura
Podemos ver pobres e infelizes
Vivendo na rua da amargura.

Eles vivem a cada dia o seu mal
Não há planos para o dia de amanhã
Dormir com fome já tronou-se normal
E sem saber se haverá café-da-manhã.

Alguém vê uma mulher gravida e comenta
De dentro de um carro ou de uma lotação:
"A desgraçada nem se quer se sustenta
Ainda arruma mais um pra ser ladrão".

Ninguém faz nada pra ajudar
Se matar não fosse crime
Eu não quero nem pensar
Mas não haveria ninguém mais lá

Não é exagero dizer isso
Pergunta a quem vive nas ruas
Se já não houveram vário sumisos?

Há, desculpe-me,
Talvez não tenha coragem,
De conversar com eles.

Um comentário:

Pinho Sannasc disse...

Um poema sui generis, tal qual o autor. Abordando uma temática social e bastante corriqueira, mas numa ótica tão humanista, nos força a um olhar muito mais profundo sobre a realidade social de muitas pessoas que amargam a miséria.
Através do poema Marquises, o escritor Leandro de Assis, nos faz perceber que os problemas sociais podem até serem até ser um tema velho e como se diz popularmente “mastigado”, no entanto é também um problema contemporâneo que a sociedade não digeriu.