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terça-feira, 28 de abril de 2020

Trump, Bolsonaro e a estratégia da estupidez

Na maratona Netflix de ontem assisti o documentário “Trump: Um sonho americano”. O documentário nos mostra a trajetória de Donald Trump desde o seu primeiro empreendimento até finalmente concorrer à presidência dos EUA, em quatro episódios de 1 hora. Tentarei não dar Spoiler, mas é importante dizer que a série começa com uma Nova York devastada, violenta e em crise, cenário ideal para alguém que sabia aproveitar esses momentos “em tempos de crise, eu consigo o que eu quiser”.


O que mais me surpreendeu na série foi que Trump não é um surgimento ao acaso na política norte americana, como foi propagado quando ele surgiu como candidato, ele foi uma construção dele mesmo, um projeto megalomaníaco de poder que para ser conquistado só havia um meio, “para se ter um vencedor tem que ter um derrotado”. A série mostra que ao longo de sua trajetória Trump deixou inúmeras vítimas, empresários, políticos, trabalhadores e todo o povo de Nova York.

Trump sabia o que queria, mas não sabia como conseguir, até que em 1999 Jessé Ventura, um ator (‘O Predador’ e ‘O Sobrevivente’ ambos de 1987) e apresentador de televisão, mais conhecido por ser wrestler no WWF, conquistou vitória nas urnas e foi eleito governador do estado de Minessota. Ventura conquistou o eleitorado criando polêmicas com a imprensa, falando baboseiras, criando confusões e proferindo um discurso antissistema ou, seguindo a moda vocabular para parecer intelectual, anti-establishment.
Trump bebeu dessa fonte e conseguiu o seu maior sonho, venceu as eleições em sua primeira disputa. Bolsonaro, que para os intelectuais brasileiros parecia um burro, na verdade foi inteligente, afinal de contas parecer ser ainda mais burro, grosseiro e sem empatia é o que lhe daria popularidade e votos. Trump, por exemplo, imitou em plena campanha eleitoral um repórter com necessidades especiais, além de ter abandonado várias entrevistas se queixando das perguntas que lhe eram feitas, tudo em nome de obter uma maior popularidade, principalmente com pessoas que eram como ele, estúpidas.
Infelizmente todos temos culpa da eleição do Bolsonaro, por não sabermos como agir diante de tantos absurdos e incoerências, demos palco ao palhaço, achando que estávamos ridicularizando-o, quando na verdade estávamos fortalecendo sua campanha rumo a presidência de nosso país dando palco para aquele que, para nós representava o medo e a ignorância, mas para 57 milhões de eleitores representava o hilário, que não tinha medo de enfrentar políticos, repórteres, instituições democráticas e vez por outra flertava com a ditadura militar. Precisamos aprender como derrotá-lo sem dar mais voz e protagonismo nas eleições de 2022.  (FOTO: ALAN SANTOS/PR)

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