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terça-feira, 28 de abril de 2020

Eu digo sim para as emendas parlamentares!

Os deputados e senadores são eleitos para representar o povo no Congresso Nacional, entre suas principais ações estão a fiscalização dos atos do poder executivo, autorizar instauração de processo contra o presidente e o mais óbvio a elaboração de leis em conformidade com a Constituição Federal. Ultimamente o que mais tem incomodado o presidente da república e seus apoiadores é o poder dos deputados e senadores de não somente analisar os gastos federais, mas também propor emendas ao orçamento, as chamadas emendas parlamentares. Devido a demonização da política preconizada pela rede globo nos últimos anos e abraçada pelo então candidato a presidente Jair Bolsonaro, o povo se revoltou contra a classe política e por consequência contra a democracia. É comum inclusive, o mau caratismo ou a desinformação em relação as emendas parlamentares, muitos pensam que esse jogo político entre Congresso e o Executivo apelidado de 'toma lá dá cá', é o mesmo que o mensalão ou o petrolão, quando os congressistas embolsavam propinas.
O povo não pode ser contra as emendas parlamentares, pois votou nos deputados para representar suas regiões e trazer benefícios para a comunidade, cada parlamentar tem uma cota de 15 milhões que pode ser usada em até 25 emendas, sendo que metade dessas emendas tem que ser utilizada na área da saúde. Como você pode ser contra o deputado que você votou fazer emendas ao orçamento e beneficiar sua região principalmente com projetos na área da saúde? Existe o jogo? existe! mas faz parte do processo democrático, pois apesar da PEC do orçamento impositivo, que garante este valor mínimo aos deputados, o executivo é quem libera as verbas, então tem o poder de liberar logo ou "atrasar" a liberação. Então quando o executivo precisa de uma votação, os congressistas cobram a liberação das verbas e não das propinas como muitos tentam propagar com o "toma lá dá cá". Existe corrupção com as emendas parlamentares? Sim existe, pesquisa aí escândalo dos anões do orçamento e verá como funcionava o esquema. Apesar disso, não podemos demonizar a política e as emendas parlamentares, pois são através destas emendas que há a descentralização do orçamento e o seu deputado pode destinar recursos para projetos importantes em seu estado. Além disso, essa demonização da política tem serviço de base para manifestações contra a democracia, em favor do fechamento do Congresso Nacional e da intervenção em estados e municípios, é o povo lutando contra si mesmo, muitos enganados e outros nem tanto. Diante do exposto, afirmo que neste momento vejo com bons olhos a atitude de Bolsonaro em conversar com os líderes dos partidos, mesmo que faça isso para garantir 1/3 de apoio no Congresso e se livrar de um possível processo de impeachment. Este é o caminho da democracia, é por isso que os militantes bolsonaristas mais extremistas não estão vendo com bons olhos essa aproximação. Na verdade o que eles querem é uma ditadura militar com Bolsonaro à frente, mas ele já viu que este embate ele não tem como vencer, terá que se render a democracia ou verá sua popularidade afundando cada vez mais e lá na frente, quando o povo puder ir às ruas, poderá sofrer o impeachment. Emendas Sim, Ditadura não! Foto: Pedro Ladeira

SALVO PELA PANDEMIA

Sim, por incrível que pareça o presidente Jair Bolsonaro está sendo salvo pela pandemia do Coronavirus, aquela que o mesmo julgava que estava atrapalhando seu governo e seus planos para o crescimento econômico no país e sua reeleição. Isso porquê panelas em sacadas não derrubam presidentes, mesmo que já tenha cometido diversos crimes de responsabilidade e tendo 29 pedidos de impeachment nas mãos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

O problema é todo esse, não basta haver um crime de responsabilidade para tirar um presidente, Lula enquanto presidente também cometeu crimes, o PSDB à época, protocolou pedido de abertura de processo na Câmara dos Deputados e não deu em nada. Havia crime, mas não havia condições políticas para o impeachment, faltava o clamor popular, faltava as ruas, em 2005, por exemplo, em plena investigação e denuncias de Mensalão, a popularidade de Lula estava em 29%, (Dilma 8% 2015; Temer 14% 2016 -Datafolha).

Em pesquisa divulgada no dia 20/04 pela XP/Ipespe, a avaliação do governo Bolsonaro caiu no mês passado de 34 para 30%. Esses são os resultados de antes da demissão de Mandeta (Min Saúde) e da saída de Moro (Min. Justiça) com denuncias graves contra o presidente. Por enquanto o que se sabe é que a popularidade de Moro em redes sociais subiu e a de Bolsonaro caiu, fato que já preocupou o presidente e o fez dialogar com o Centrão (conjunto de partidos sem bandeira ideológica específica, visam as vantagens e privilégios de estarem próximos ao poder executivo).

Parece injusto, mas é assim que funciona, para haver impeachment é preciso que haja, além do crime, condição política para tal, essa condição houve com Collor e Dilma, já com com FHC não houve, além disso, a Câmara era presidida por Michel Temer que arquivou mais de 15 pedidos de impeachment  contra ele, sobre Lula eu já citei acima. Portanto, apesar do grave momento de crise, a ausência do povo nas ruas pesa em favor de Bolsonaro, que vê sua popularidade despencar com a péssima condução política da crise e os crimes cometidos, mas pode contar com as ruas vazias e com as milícias digitais que ainda lhe rendem um IPD de 75,8% (Índice de Popularidade Digital).

Veja crimes de responsabilidade que Bolsonaro pode ter cometido desde o início do mandato:
https://bit.ly/2KE3MN8

Trump, Bolsonaro e a estratégia da estupidez

Na maratona Netflix de ontem assisti o documentário “Trump: Um sonho americano”. O documentário nos mostra a trajetória de Donald Trump desde o seu primeiro empreendimento até finalmente concorrer à presidência dos EUA, em quatro episódios de 1 hora. Tentarei não dar Spoiler, mas é importante dizer que a série começa com uma Nova York devastada, violenta e em crise, cenário ideal para alguém que sabia aproveitar esses momentos “em tempos de crise, eu consigo o que eu quiser”.


O que mais me surpreendeu na série foi que Trump não é um surgimento ao acaso na política norte americana, como foi propagado quando ele surgiu como candidato, ele foi uma construção dele mesmo, um projeto megalomaníaco de poder que para ser conquistado só havia um meio, “para se ter um vencedor tem que ter um derrotado”. A série mostra que ao longo de sua trajetória Trump deixou inúmeras vítimas, empresários, políticos, trabalhadores e todo o povo de Nova York.

Trump sabia o que queria, mas não sabia como conseguir, até que em 1999 Jessé Ventura, um ator (‘O Predador’ e ‘O Sobrevivente’ ambos de 1987) e apresentador de televisão, mais conhecido por ser wrestler no WWF, conquistou vitória nas urnas e foi eleito governador do estado de Minessota. Ventura conquistou o eleitorado criando polêmicas com a imprensa, falando baboseiras, criando confusões e proferindo um discurso antissistema ou, seguindo a moda vocabular para parecer intelectual, anti-establishment.
Trump bebeu dessa fonte e conseguiu o seu maior sonho, venceu as eleições em sua primeira disputa. Bolsonaro, que para os intelectuais brasileiros parecia um burro, na verdade foi inteligente, afinal de contas parecer ser ainda mais burro, grosseiro e sem empatia é o que lhe daria popularidade e votos. Trump, por exemplo, imitou em plena campanha eleitoral um repórter com necessidades especiais, além de ter abandonado várias entrevistas se queixando das perguntas que lhe eram feitas, tudo em nome de obter uma maior popularidade, principalmente com pessoas que eram como ele, estúpidas.
Infelizmente todos temos culpa da eleição do Bolsonaro, por não sabermos como agir diante de tantos absurdos e incoerências, demos palco ao palhaço, achando que estávamos ridicularizando-o, quando na verdade estávamos fortalecendo sua campanha rumo a presidência de nosso país dando palco para aquele que, para nós representava o medo e a ignorância, mas para 57 milhões de eleitores representava o hilário, que não tinha medo de enfrentar políticos, repórteres, instituições democráticas e vez por outra flertava com a ditadura militar. Precisamos aprender como derrotá-lo sem dar mais voz e protagonismo nas eleições de 2022.  (FOTO: ALAN SANTOS/PR)

sexta-feira, 24 de abril de 2020

A relação do brasileiro com a leitura

Já que a ideia é também comunicar-se com os não leitores, seria bom seguir o conselho de muitos usuários de grupos de Whatsaap quando alguém publica um texto grande: “quando virar filme me avisa que eu assisto”. Mas é preciso ser perseverante e acreditar que algum não leitor irá ler este texto. Mas o que seria um não leitor? Uma pesquisa realizada pelo Instituto Pró-Livro considera “leitor” a pessoa que leu um livro, inteiro ou em partes, nos últimos três meses. Portanto, para este artigo, considera-se não leitor aquele que não se enquadra neste critério.

Ainda conforme a pesquisa, 43% dos brasileiros apresentou como razão pela ausência do hábito da leitura a falta de tempo. O Que é extremamente estranho, pois a empresa inglesa GlobalWebIndex, divulgou pesquisa que analisa o tempo diário médio que as pessoas em todo o mundo dedicam a aplicativos de mídia social e o Brasil está em segundo lugar, atrás apenas das Filipinas. Então, como assim 43% dos brasileiros não tem tempo para ler?

Para o historiador e escritor Leandro Karnal, “é preciso não ceder, ser forte e se organizar para empenhar mais energia naquilo que realmente é importante”. Uma frase atribuída ao famoso pregador britânico Charles Spurgeon diz: “Não deixe aquilo que é urgente tomar lugar daquilo que é importante em sua vida”. Segundo o estudo da agência We Are Social e a plataforma Hootsuite em 2017, 62% dos brasileiros utilizam as redes sociais, e 57% realizam o acesso através de seus celulares e um estudo da Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), afirma que o uso de telefone celular já é o  terceiro maior responsável por mortes no trânsito no Brasil.

O que essas pesquisam revelam é que o brasileiro passa o dia lendo através do celular, não somente lendo, mas também escrevendo. O brasileiro tem gostado tanto de ler que quem manda muitos áudios em grupos de whatsapp incomoda os outros membros do grupo. Mas como transformar este gosto e hábito pela comunicação através da escrita e leitura em hábito de leitura de livros? Este é o grande desafio de todos que estão empenhados com o incentivo à leitura, como professores, escritores, pais e também editoras e jornais.

Um dos problemas da falta de leitura do povo brasileiro é o não aprofundamento do conhecimento em diversos temas, que faz com que se acredite em qualquer fake news (notícia falsa) divulgada através das redes sociais. Problema causado também pelo analfabetismo funcional, segundo dados do Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2018, 38 milhões de brasileiros são considerados analfabetos funcionais, ou seja, leem pequenas frases, mas não possuem habilidades para interpretar textos simples.