Fustel de
Coulanges (1830-1889) é um dos mais importantes historiadores franceses.
Lecionou na Faculdade de Letras de Estrasburgo e na Sorbonne, ocupando a cátedra
de História Medieval, criada especialmente para ele. Em 1853 dirigiu algumas escavações em Chios e
escreveu uma nota histórica sobre a ilha. Depois de seu retorno, ele
desempenhou vários trabalhos educacionais, e adquiriu título acadêmico de
doutor.
Segundo o autor,
a obtenção do verdadeiro conhecimento dos gregos e dos romanos, exige que os
estudemos sem a idéia fixa de considerá-los como nós, dado o fato de sermos
seus herdeiros culturais; é preciso estudá-los como se nos fossem inteiramente
estranhos. Ou seja, Fustel, com isso, tem um olhar sobre a história desses
povos sem preconceitos, sem anacronismos e principalmente um olhar que não visa
comparar esses povos a outros com intenção de classificar como superior ou
inferior, civilizado ou atrasado, explicando melhor: Ele não é etnocêntrico.
Um outro
principio que norteia os estudos de Coulanges, é a necessidade e condição sine qua non de considerar as crenças religiosas desses povos
para compreender suas instituições em geral, sem o que estas surgirão obscuras,
extravagantes e inexplicáveis diante de nossos olhos. Sim, e é justo isso que
faz o autor, através de uma análise profunda já no primeiro capitulo sobre as
crenças a respeito da alma e da morte, o culto dos mortos, o fogo sagrado e a
religião doméstica.
Fustel foi muito
feliz em fazer está consideração, pois seus estudos revelam que por outro
caminho é impossível compreender as instituições gregas e romanas, pois as
noções de direito dessas cidades são baseadas nos costumes da religião doméstica,
a propriedade, por exemplo, está vinculada ao culto doméstico, as divindades do
lar, que segundo o autor são os antepassados da família que ascenderam a
posição de deuses após a morte e mesmo após o óbito esses antepassados possuem
seus direitos, pois, “o solo onde repousam seus mortos é inalienável e
imprescritível.”
Não
compreenderíamos, por exemplo, as questões sobre casamento, divórcio e herança
entre esses povos sem um estudo da alma desses povos, um estudo com intenção de
conhecer aquilo em que essa alma acreditou, pensou e sentiu nos diferentes
estágios da vida do gênero humano. Por isso, é que seriam coisas obscuras ou
até mesmo extravagantes, pois como entenderíamos também um rei que não tinha
funções políticas em alguns momentos da história, como entender que este rei
era apenas o sacerdote quando temos a noção devido a ensinamentos incorretos
durante nossa vida escolar, que reis são pessoas que obtém poder político e
absoluto, generalizando assim, sem fazer um estudo especifico sobre os reis,
épocas de reinado, lugar e cultura.
Até mesmo para
entender a formação das cidades desses povos é necessária a compreensão das
crenças religiosas, pois cada família tinha um culto especial do qual estranhos
não era bem vindos, poderiam profanar o templo ou o culto, duas tribos também
não podiam se fundir, as famílias só passaram a associar-se entre si, com a
condição de que o culto de cada uma fosse respeitado. Porém essa associação só
era possível se houvesse um deus em comum entre as famílias, pois, com certeza,
é certo que foi o culto que constituiu o vínculo dessa nova associação. E,
segundo Fustel “No dia em que se fez essa aliança, a cidade começou a existir”.
A Cidade Antiga,
devido a toda essa contribuição para o entendimento não apenas das instituições
gregas e romanas, mas também dos aspectos particulares do culto doméstico, do
direito privado e civil, da formação das cidades e das relações entre elas, é
de fundamental importância para todos os estudantes de história, direito,
filosofia, sociologia, teologia e outras ciências humanas, também é uma obra
que considero importante para ser lida por não acadêmicos, pois nela
encontramos exemplos de respeito à família, a propriedade e ao culto dos
outros.
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